16 de nov. de 2011

Isso te incomoda?

Há algumas semanas, o amigo Rodrigo me enviou esse texto. Fiquei de burilar e publicar. Finalmente concluí. Um relato emocionante e uma reflexão necessária. Boa leitura!

Isso me incomodou, espero que te incomode também!
Gostaria de compartilhar uma coisa que tem me incomodado, apesar de inda não ter filhos. Os cristãos têm seus filhos, os levam para as igrejas nas escolas dominicais e lá eles aprendem a colorir figuras bíblicas, a fazer palavra cruzada “gospel” e outras coisas que geralmente se faze nas suas escolinhas, mas com a diferença que nas escolas dominicais as crianças aprendem um pouco da bíblia e sobre SALVAÇÃO. Lembro de quando eu era criança e meu pai nos acordava domingo bem cedo. Eu e meus irmãos, bem antes da escola dominical, éramos sabatinados sobre a lição que seria vista na escola dominical, para ter certeza de que tínhamos estudado a revista de estudo durante a semana. Eu ficava indignado com isso, achava um verdadeiro absurdo, mas infelizmente não tinha jeito, isso se repetia todo domingo com raras exceções. Outra coisa importante que me lembro bem, era o que nos ensinavam na escola dominical, muito se falava do “ide”, do morrer de Cristo, e de que tudo que fôssemos ou que fizéssemos deveríamos fazer para Deus. Era uma mensagem pesada para mim e eu com uns 12, 13 anos questionava isso. Negar a mim mesmo, ir, fazer tudo para Deus? Eu queria viver uma vida de perspectivas aqui na terra, eu queria ser bem sucedido aqui, queria ser um adulto próspero e comprar um carro novo... Coisa que eu só fui realizar com 25 anos quando eu e minha mãe compramos um carro juntos por intermédio de um consórcio...
Me lembro que eu questionava o meu pai porque ele tinha condições de comprar um carro novo e não comprava. Ele sempre dizia que o seu tesouro estava sendo construído no céu, que seu carro novo estava no céu, que sua mansão estava no céu, tudo estava no céu... Eu brincava com ele, falando que ele era o Beato Salú, lendário personagem de “Roque Santeiro”.
Hoje eu vejo que tudo que me foi ensinado fez e faz muito sentido. Se tivermos a dimensão do que nos espera no céu, da grandeza de fazer parte dos planos de Deus, da grandeza de sermos imortais em Cristo, o ide faz toda a diferença, o negar a mim mesmo faz sentido, o morrer por Jesus começa a fazer sentido novamente e fazer tudo para Deus também faz sentido e eu só consegui perceber tudo isso devido à uma crise familiar que estamos enfrentando.
Senti saudades do meu pai, das lições da escola dominical e do “Beato Salu” que queria um tesouro no céu e  tentava me ensinar isso, que o importante e o que temos no céu e não o que temos e somos aqui na terra. Saudades do pai que me falava domingo pela manhã que o importante era morrer por Cristo, porque morrendo em Cristo se tinha vida eterna. Saudades de um pai que tentava me preparar para alguma coisa que acho que nem ele mesmo imaginava e eu ainda não imagino.
E que isso não é mais dito nas igrejas, hoje o que mais se vê nas igrejas e ensinos das escolas dominicais é sobre salvação, prosperidade, bênçãos e amor de Cristo por nós. Quando eu acho que deveria ser o contrário, primeiro deveríamos conhecer Cristo, saber quem Ele é, quem somos Nele, para então decidirmos se vamos aceitar esse Deus como Deus da nossa vida ou não, sabendo que se fizermos isso, “aceitarmos Jesus” temos com Ele uma aliança que vai além da prosperidade financeira e das bênçãos desse mundo, temos uma aliança de vida eterna e de morte nesse mundo, para que por meio da nossa morte nesse mundo possamos contribuir um pouco para a grande obra de Deus.
Queria perguntar para você e para o papito, vocês estão criando a Maria Luiza para isso? Ela sabe que pode ser uma peça importantíssima nos planos de Deus, que ela faz parte da grande comissão? Que mais importante que ser uma pessoa inteligente e bem sucedida é usar isso de forma a abençoar a vida de outras pessoas? Ela tem dimensão de Céu, das bênçãos celestiais e de que uma verdadeira riqueza a espera depois dessa morte aqui na terra?
Bom ,falo isso porque meu pai tentou me ensinar essas coisas, isso era dito nos anos 80 nas escolas dominicais e hoje não ouço mais isso ser dito nem em cultos para adultos, e acho sinceramente que precisamos rever nossos conceitos sobre o evangelho do reino e evangelho para o reino de Deus, e evangelho do reino e para o reino dos homens.

Para finalizar
Os seguidores do talibã aprendem porque devem matar os cristãos desde pequenos. Eles têm sua iniciação por volta dos 13 anos e isso se dá quando eles matam homens, cortando suas cabeças com facas cegas, sem corte. É terrível imaginar uma criança de 13 anos fazendo isso. Eu já assisti a um vídeo de iniciação talibã, e definitivamente não recomendo. São imagens muito fortes. Mas o que me deixou incomodado e o que merece nossa atenção, é que eles fazem isso acreditando que após a morte nesse mundo, existe uma vida melhor, eles acreditam nisso a ponto de fazerem o que fazem “matar e morrer” por um ideal. Para o pai de um jovem talibã isso é um orgulho sem igual, ter um filho morto por aquilo que eles acreditam, é para eles uma glória.  
Nós, os crentes de hoje, cremos em quê? Ensinamos que vale apena morrer por Jesus aos nossos filhos? Ensinamos que isso vai nos trazer uma galardão inimaginável com Deus? Que isso nos trará riquezas no céu?
Meu pai tentou me mostrar que vale a pena, e que saudade eu tenho desse pai, viu! Ainda não tenho filhos e quando eu os tiver será que vou ensinar isso a eles? Isso me incomodou, espero que te incomode também!

Rodrigo Freitas de AlvarengaAdvogado, Teólogo e servo de Deus

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